Sinal de Vida em K2-18b Era Falso Positivo, Revelam Novos Estudos
Pesquisas recentes realizadas com dados do Telescópio Espacial James Webb (JWST) colocaram em xeque as hipóteses anteriores sobre a possibilidade de vida no exoplaneta K2-18b. Localizado a aproximadamente 120 anos-luz da Terra, na constelação de Leão, este planeta vinha sendo considerado um dos candidatos mais promissores na busca por ambientes habitáveis fora do Sistema Solar.

Um planeta de interesse astrobiológico
K2-18b é classificado como uma "sub-Netuno" ou "super-Terra", com raio cerca de 2,6 vezes o da Terra e massa aproximadamente 8,6 vezes maior. Orbitando na zona habitável de uma estrela anã vermelha, o exoplaneta chamou a atenção em 2019, quando observações realizadas pelo Telescópio Espacial Hubble revelaram a presença de vapor d’água em sua atmosfera — um elemento fundamental para a vida como conhecemos.
Com o lançamento do JWST, foi possível obter espectros mais detalhados da atmosfera do planeta, permitindo uma análise mais refinada de sua composição química.
Suposto sinal biológico é descartado
Em setembro de 2023, análises preliminares com dados do JWST sugeriram a possível presença de dimetilsulfeto (DMS), um composto que, na Terra, é produzido quase exclusivamente por organismos vivos — notadamente por fitoplâncton marinho. Essa detecção foi amplamente divulgada e chegou a ser considerada um potencial biossinal, ou seja, uma evidência indireta de vida biológica.
Entretanto, estudos subsequentes publicados em 2025 revisaram esses dados com maior rigor estatístico e precisão espectroscópica. As análises demonstraram que o sinal anteriormente atribuído ao DMS pode ter sido resultado de ruído nos dados ou de interpretações espectrais incorretas. Assim, a presença dessa substância não pôde ser confirmada com significância estatística suficiente.
Além disso, foi reforçada a hipótese de que a atmosfera de K2-18b seja rica em hidrogênio, o que implica em alta pressão e características físico-químicas pouco favoráveis à estabilidade de moléculas orgânicas complexas. Tais condições dificultam a sustentação de processos bioquímicos análogos aos que ocorrem na Terra.
Implicações e perspectivas
O caso de K2-18b reforça a importância da prudência na interpretação de possíveis biossinais e destaca os desafios técnicos envolvidos na caracterização atmosférica de exoplanetas. A astrobiologia permanece como um campo altamente interdisciplinar, que exige constante revisão de hipóteses à luz de novos dados e avanços instrumentais.
Apesar da ausência de sinais de vida, a caracterização de K2-18b ainda representa um marco no estudo de atmosferas exoplanetárias. Este é um dos primeiros planetas na zona habitável de sua estrela cuja atmosfera foi analisada com tamanha precisão.
A busca por vida fora da Terra continua, e com ela, o aprimoramento das metodologias científicas e dos instrumentos observacionais. Novos alvos, como os exoplanetas rochosos do sistema TRAPPIST-1, seguem na agenda de futuras observações do JWST e de outras missões dedicadas à astrobiologia.